Nascido e criado na Serra, Marcel Oliveira Bruno, é personagem desta nossa matéria aqui no blog Folha Verde News e no Portal Franca 24 Horas dentro desta série de informação ecológica: ele nos informou ao vivo lá que agora já triplicou o número de turistas na Canastra assim como cresceu muito ali economicamente o entorno do parque nacional nas cidades como São Roque de Minas, Vargem Bonita, São João Batista do Glória, Sacramento, Delfinópolis e Capitólio, ainda bem que no meio rural predomina o café e não a cana, há matas que ainda sobrevivem, para o bem do São Francisco e todos os rios, águas, fauna típica, riquezas hidrominerais dali do sudoeste de Minas, porém, todo esse boom turístico e econômico preocupa a ele que é, além de chefe dum posto avançado do ICMBio, secretário do meio ambiente e de turismo por ali em sua cidade aos pés do Chapadão: "Alcançar o ecoturismo de verdade é a nossa busca".
Este e outros temas ligados à vida do Parque Nacional podem ser sintetizados nos números do boom atual do turismo e da economia por ali, causam alegria mas também preocupação: "Antes da pandemia vinham aqui 10 mil turistas por ano, agora chegam 30 mil e há hoje também uma fuga do povo das cidades para a natureza. Além de investimentos por exemplo em educação ambiental, precisamos de muito cuidado com a ecologia desta reserva fantástica", comentou Marcel Oliveira que fez universidade e voltou para a sua terra. Afinal, a Serra da Canastra e toda sua natureza são o personagem principal pelo potencial hidromineral e para todo um futuro sustentável do país. Dois ângulos mais preocupam, a violência ambiental que aumentou demais em outras regiões do Brasil, no campo e nas cidades. E uma espécie de êxodo do povo urbano que hoje quer não só visitar mas tenta também fugir das cidades para viver mais perto da natureza, que é bem melhor, mesmo nessa era de mudanças do clima e do meio ambiente. Antigamente se dizia que por onde passa o boi, só resta capim, agora pense, onde tem muito ser humano, o que pode ser da natureza?
O Parque Nacional da Serra da Canastra foi criado em 1972 pelo decreto 70.355, desapropriando fazendas antigas em volta da nascente do São Francisco no sudoeste de Minas Gerais, o rio que desagua no nordeste brasileiro enquanto o Rio Grande paralelo a ele na região vai desembocar no Paraná, no sul do Brasil. Quando Fernando Henrique Cardoso veio inaugurar esta reserva, eu estava lá junto com o fotógrafo João Noronha e dezenas de ecologistas e de cientistas apoiando esta medida de proteção desta zona fora do comum de riqueza hidromineral, que tem também muitos outros rios Santo Antônio, Samburá, Turvo, centenas de nascentes e cachoeiras como a icônica Casca D'Anta. O objetivo, preservar a Canastra para o futuro sustentável do país. O turismo cresceu, a economia em volta da reserva também, outro fato que valoriza este lugar é a sua história e o seu povo original. Todas as cidades entre o sudoeste de Minas, norte e nordeste paulista como Franca ou Ribeirão Preto, Triângulo Mineiro, todo o povoamento nasceu da Serra e da sua gente, descendente dos indígenas Caiapós e de europeus que migraram para cá há mais de 300 anos, alguns desde o tempo de Don João VI em Portugal, quando judeus se tornavam cristãos novos, aderiam ao catolicismo ou então (tempo em que muitos foram até perseguidos pela Inquisição) fugiam para o sertão do Brasil. Este foi o caso de Hipólito Cândido Pinheiro, fundador de Franca (SP) e toda uma população que é também parte da riqueza cultural da Serra da Canastra. Um jovem músico de BH estuda na UFMG mas já se prepara para morar em São Roque de Minas, o guia de turismo, Jadir dos Reis de Oliveira, sabe muita coisa do passado, também dos rios, dos bichos como lobo Guará e onça Suçuarana nativas dali, por sinal, a fauna, com tanta agitação de turistas e de fazendas, se enfurna arisca nas matas e nas grotas nos abismos com mais vegetação e silêncio ou segurança para viverem em paz. É o caso de Carcará, Corrupiões, Maritacas, Andorinhões, Gralhas, Sabiás, Galos da Campina, Lobos Guará, Onças Pardas, que se escondem do bicho homem.
De toda forma, desta convivência toda, dentro do Parque Nacional que tem a vigilância do ICMbio (eles nos informaram lá que a ministra Marina Silva está tentando melhorar a estrutura de trabalho destes servidores), a necessidade atual é que o ecoturismo e a agroecologia avancem mais que os desafios da poluição ou da destruição a partir de uma nova consciência brasileira que pode criar um futuro sustentável, sem a violência ambiental de hoje em dia que prevalece por quase todo o país. A Serra da Canastra é ainda um oásis, isso é a sua força, a educação ecológica e a tecnologia contemporânea precisam e podem ajudar toda a vida.

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